sexta-feira, 4 de maio de 2012

Chile: Narrando o inarravel - parte 2

28 de Abril de 2012

4°C. A preguiça reinava no ar. Cade forças para levantar, tomar banho e partir para o primeiro dia de passeio??? O frio dominava e a preguiça reinava!

Para começar um bom dia, nada como colocar o despertador para tocar bem cedo e acordar todos os seus novos colegas de quarto, concordam?? As 07:20 um efeito sonoro nada muito agradavel dispara e todos os meus novos amigos começam a se movimentar inquietos. Nenhum grito e nenhum olhar critico. Nossa, quanta educação!

Banho quentinho, blusa de frio, casaco e um cachecol para fazer charme. Fui até o saguão do hostel tomar o meu café da manhã às 08:45. Como uma boa engenheira, me organizo em um sistema diferenciado para evitar tempo de espera desnecessário.

Horário para o evento: 09:00.
Horário para estar pronta: 08:55.
Horário para o café: 08:45.
Horário para cabelo e maquiagem: 08:20.
Horário para o banho: 07:40.
Horário para acordar e ficar com preguiça na cama: 07:20.

Então, conforme planejamento, me sento dentro do horário para apreciar a ceia e a campainha toca no mesmo instante. Sou informada pela recepcionista que o motorista do passeio me aguardava na porta. Acho incrivel como o dia começa estranho quando não consigo fazer o que mais gosto logo cedo: comer! Sai sem tomar café da manhã, faminta e com o humor um tanto quanto questionável. Até agora não perdoei o maldito motorista.

A equipe do InterHabit era muito educada, simpatica e eram mestres em "shit chat" para passar tempo.  Seguindo os trâmites normais, fomos buscar dois casais para seguir o rumo do primeiro dia de turista. Para a minha felicidade eram ambos casais brasileiros e super simpáticos. Conheci uma curitibana que morava em São Paulo com o marido português. Muito excêntrico o casal, adorei! Conheci também dois paulistas que são da Umbanda

Durante a parte da manhã fizemos um city tour de preguiçoso pela cidade. Iamos até os pontos "famosos" e históricos ouvindo suas histórias em português (sim, o guia falava português fluentemente!!) e não saimos do carro para quase nada. A nossa primeira parada foi no Palácio La Moneda para assistir a troca de guardas.



Quem já foi a Londres provavelmente deve ter assistido a troca de guardas que ocorre todos os dias às 10h em frente ao Palácio de Buckingham. Informo que há muita semelhança entre as trocas de guarda, entretanto, devido ao espaço ser mais aberto e possuir menos turistas ao redor, o de Santiago se torna mais agradável para assistir. A banda é muito boa e o uniforme é um espetáculo. Vale lembrar que percebi a presença de muitas mulheres na guarda e quando comecei a analisar ao redor, vi que havia muita mulher em várias atividades "masculinas".


Questionei este fato ao guia e ele me informou que aqui as mulheres são tratadas iguais ao homens no que tange trabalho. Simpatia dos moradores, beleza natural e igualdade entre homem e mulher?? Começo a ver traços de evolução interessante neste país.

Voltando a falar um pouco mais sobre o turismo, percebi que Santiago em si não possui muitos pontos turisticos, digo, lugares de fato atraentes que valem a pena parar para conhecer. Passeamos por alguns bairros, "conhecemos" o bairro BellaVista e seus belos restaurantes, passeamos pelo bairro dos riquinhos "Las Condes", fomos ao Plaza del Armas conhecer a bela igreja, vimos alguns artesanatos, rodamos o centro, paramos em um local lindo, porém não me recordo o nome, onde vi várias pessoas meditando, lendo, treinando artes marciais e praticando luta com espadas e seguimos nosso caminho para o almoço no Mercado Central.


No Mercado Central, seguimos a indicação do guia, fomos ao  El Galeon, mas neste restaurante, não havia muitas opções no cardápio para comer além de frutos do mar. Na verdade, quase todos os restaurantes que localizei naquela região eram de frutos do mar e os preços eram salgadinhos, bem diferente do sabor da comida. Aqui, os frutos do mar são cozinhados somente com água e óleo, deixando a desejar um pouco no tempero. Se você tiver pressão alta, fique feliz, você está no lugar certo.


Enquanto eu apreciava um prato de frutos do mar em geral, iguaria brasileira, já que mistura tudo em um prato só, meus colegas resolveram apreciar algo novo. Eles experimentaram a Centolla, que é um caranguejo das águas geladas do Chile. Chega a pesar dois quilos e é uma verdadeira iguaria gastronômica. A Centolla para duas pessoas custa cerca de 44.000 pesos chilenos, o equivalente a R$ 220,00. Experimentei e achei muito sem gracinha. Carne branca, leve, temperada no alho e óleo na hora, mas nada de muito exótico. Vale a pena experimentar para eliminar um prato da listinha do livro 1001 comidas para provar antes de morrer. Não, não ganho comissão por publicidade desse livro, mas o acho bem interessante para pessoas curiosas como eu.
 Após o almoço, seguimos por cerca de uma hora em uma estrada sentido a vinicola Concha Y Toro. Para ser bem honesta, eu não estava nem um pouco interessada em fazer este passeio, mas como estava incluso e já estava pago, por que não, né? Com a mente aberta e disposição para tomar bons vinhos, fui enfretar o trânsito chileno.  


Chegamos lá e fomos recepcionados por pessoas sorridentes e logo percebi que estava em uma armadilha. O passeio pela vinicola não tinha como objetivo apresentar o processo produtivo e causar indagações aos curiosos, e sim somente vender vinhos caros. O local é lindo, isso não há dúvidas. Mas acho que o passeio não vale a pena.


O jovem chileno sorridente nos levou até o vinhedo e nos explicou sobre os diferentes tipos de uva e consequentemente, sobre os diferentes tipos de vinho e o motivo da existência desse tipo de uva na região do Chile. Após no máximo uns 15 minutos de apresentação, já era hora de experimentar um vinho e ir conhecer o "esconderijo" do Casillero del Diablo.

Eles fazem toda uma encenação, fecham as portas, brincam com a iluminação, mas no fundo, nada acontece. Subimos e fomos experimentar o tal vinho do diablo. Para fazer um agrado aos pobres coitados que esperavam mais do que aquele passeio, o jovem chileno sorridente nos informa que a taça de vinho utilizada é um brinde da empresa para nós. BROMA!

Após o passeio, fomos encaminhados para a loja da Concha Y Toro que vende vinho mais caro que nos supermercados locais e se duvidar, mais caro que no Brasil.


O motorista me deixou em frente ao Hostel às 17h, sendo assim, ainda tinha tempo suficiente para dar um passeio e conhecer um pouco mais da cultura Chilena. Como já estava com fome, e não falo apenas fome de conhecimento, resolvi procurar algum lugar para comer. Na região do centro, ou seja, próximo a Praça Plaza Del Armas, não havia muitos restaurantes para se sentar, comer e apreciar o movimento, então resolvi radicalizar e comer em uma lanchonete de rua.

Ao parar em frente a uma lanchonete, fiquei inquieta com a imagem de um sanduiche parecido com nosso cachorro quente, só que com algo verde viscoso e branco no topo. Questionei o nosso amigo vendedor com um portunhol nada legal e o mesmo me informou que o tal sanduiche que eu estava interessada era um "italiano". Nossa, adoraria comer um italiano se pelo menos soubesse o que era aquele lance verde. Depois de muita tentativa de comunicação, descobri que o italiano continha ABACATE. Por alguns instantes me perguntei se estava realmente no Chile ou se já havia seguido viagem para o México. Com medo da reação do abacate com os frutos do mar, resolvi comer um "completo", ou seja, um cachorro quente mais tradicional. Tomate, Repolho e salsicha.

Salsicha fininha e sem cor, maionese caseira com menos gordura do que as encontradas aqui pelo Brasil e vinha de acompanhamento uma cerveja local chamada Escudo. Paguei cerca de 1.200 pesos chilenos, o equivalente a R$ 6,00 nessa iguaria local. Descobri depois que o tal "italiano" faz parte dos lanches da madrugada mais procurados por famintos badaladeiros.

Voltei para o Hostel e encontrei a Carolina, atendente que havia me convidado para fazer o Pub Crawl e ficou confirmado que sairiamos às 22h. Fui para o meu quarto e os amiguinhos "simpáticos" estavam acordados. Pedi desculpas pela confusão na madrugada e sobre o despertar tão cedo e aproveitei e os convidei para ir a festa com a gente. Neste momento tinhamos no quarto um suiço, Alex Bear, um argentino, Pablo Rod e um japonês, popular como Samurai. Equipe formada. Fomos iniciar os preparativos e aguardar a Nataly, amiga do Alex que também trabalhava no hostel.




Resumo da ópera, fomos encontrar a galera do Pub Crawl em um karaoke onde tinha petiscos e cerveja liberadas. Admito não ter visto os petiscos. No auge do papo em inglêsportunhol ouvi uma voz feminina reclamando sobre algo na minha lingua nativa, que felicidade! Eram duas capixabas que haviam caido de paraquedas ali também.


Às 23h partimos para um pub que estava completamente vazio, mas que em questão de minutos, lotou e inicou uma banda muito boa. Parecia que o local foi aberto para nós! Ganhamos um drink grátis e recebiamos dose dupla em todos os drinks. Como boa brasileira, fui partir para o turismo de cerveja e me deparei com preços abusivos. Uma cerveja desconhecida por 2.500 pesos chilenos, o equivalente a R$ 12,50. Imaginem a minha cara de tristeza ao me deparar com isso. Sorri e segui em frente. "Una cerveja" pedi.

O pub era tão fraquinho em número de pessoas que não vale a pena indicar, a não ser que você vá com o pessoal do Pub Crawl. Antes de partirmos para a próxima parada, preciso expor que foi preciso colocar o Samurai em um taxi, pois o mesmo já estava desmaiando pelos cantos. Descobri nesse momento que os japoneses não possuem uma enzima que ajuda a digerir o alcool. Pobre Samurai!

Em seguida, seguimos para a primeira boate da noite. Antes de chegar, tiramos a foto tradicional do evento e dançamos a musica "Nossa, nossa, assim você me mata" hit internacional. Havia fila para entrar nesta festa. Como estavamos todos com a galera do Pub Crawl, apresentamos a nossa fitinha no pulso e furamos a fila rumo a diversão. Mais um drink gratuito "para nossa alegria". Muita música, gente bonita, alegria, drinks e já era hora de irmos para a última boate.

A última boate era maior, entretanto, não curti tanto quanto essa anterior. Ouvi muito pouco reagaeeton. Esperava por bem mais. Enfim, foi divertido!!! Para quem achou que iria para a balada sozinha, consegui uma equipe da pesada! 
Abandonando os novos amigos do Pub Crawl, juntei minha Tchurminha e partimos para outro karaoke aonde nos divertimos horrores. Vale lembrar que as boates no Chile devem fechar no máximo as 5h da manhã e que não se pode beber bebida alcoolica nas ruas. Karaoke foi uma excelente opção, não???

Chegamos às 6h da manhã e fomos dormir. Importante salientar que o meu despertador apurrinhou a todos novamente às 07:20 e que o Samurai já estava dormindo igual a um anjinho em sua cama.


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